segunda-feira, 28 de novembro de 2016

10 diferenças culturais entre Brasil e França

Sei que sou completamente negligente com esse blog, mas...a pedido de dois amigos muito queridos, vou me esforçar para dar continuidade.

Vou falar um pouco sobre as diferenças principais que percebi entre a cultura francesa e a brasileira neste quase um ano em que estou vivendo aqui.

Deixando claro que melhor ou pior, vai da opinião de cada um. Mas o legal mesmo é sempre ser aberto a observar essas diferenças sem se magoar com nada, se não, a gente deixa de curtir uma outra cultura (ou de valorizar a nossa) ao invés de buscar trocas positivas.


1 - Consumo

Os hábitos de consumo franceses e brasileiros são muiiiiito diferentes! Na moda, por exemplo, enquanto os brasileiros buscam sempre o melhor preço, usam peças clássicas, mas também, lançamentos, estampas diferentes e em geral (ok, as mulheres) compram muitas peças; na França, é mais comum pagar caro (e muito, pq além dos valores serem altos é tudo, obviamente, em euros - socorro!) na roupas. Além disso, o número de peças é bem menor, elas são muito clássicas, muito retas e mais sóbrias. Ninguém vê problema em repetir as mesmas peças várias vezes na semana.
Resumindo, no Brasil um bom negócio é encontrar produtos com bom preço, na França é encontrar produtos duráveis, que poderão ser usados muitas e muitas vezes.
Esse consumo mais controlado acaba trazendo outras mudanças, horários menos estendidos em shoppings, mercados, farmácias e etc. Aliás, a maioria dos shoppings nem abre domingo (isso vem de outras influências culturais também, mas a falta de procura acaba mantendo assim).

2 - Alimentação

Sim, é uma forma de consumo também, mas são muitas as particularidades...então, mereceu um item.
Para começar, uma diferença que adorei quando cheguei aqui. Tudo é muito natural, e existe uma busca constante para que cada coisa tenha menos influências químicas/industriais desde o plantio e preparo até a conservação.
As frutas e verduras orgânicas, que são o diferente no Brasil, na França são maioria. É verdade que a gente precisa ter um cuidado muito maior com as coisas, que acabam tendo uma ‘validade’ menor. Em cerca de 2 dias a maioria das frutas estraga, é preciso comer assim que compra. Mas é muito bom comer com menos preocupações com o que se está ingerindo. Talvez pela ausência de tantos aditivos químicos (formol, gasolina e sei lá mais o que usam no Brasil) o leite francês, ah esse leite! Vou sentir tanta falta! É O MAIS saboroso que já tomei na vida.
Mas continuando, mesmo a comida congelada, os produtos enlatados, tudo tem percentagens menores de sódio e validades não tão extensas. Outra coisa, no setor de hortifruti do mercado a origem de cada produto fica bem discriminada. Morangos franceses, morangos espanhóis, laranja francesa, laranja mexicana, limão do Brasil, limão francês...e assim vai. E quem adivinha quais são os mais caros e quais os mais baratos? Acertou quem disse os franceses são os mais caros! E quem adivinha quais os mais comprados? Sim! Os franceses. É, contrariamente ao Brasil, os importados franceses são mais baratos, e as pessoas se preocupam mais em ajudar os agricultores locais comprando o produto deles do que em pagar menos.
Mesmo assim, a variedade de produtos é muito menor do que na feira brasileira, e é impossível não sentir saudade das frutas e legumes que só encontramos em terras tupiniquins.
Sobre as refeições...é verdade que a França tem a fama de ter uma das melhores culinárias do mundo, mas nem só de pratos gourmet com apresentação perfeita e ingredientes exóticos é feito o rango. Na verdade, durante a semana, por conta do trabalho muitos franceses nem têm tempo de almoçar e comem sanduíches e saladas prontas. A noite sim, eles jantam bem em casa ou vão a restaurantes. E no domingo é tradicional fazer refeições especiais com a família e amigos. E se você for convidado para um verdadeiro almoço francês, se prepare! Ele pode durar horas! A comida é servida em etapas (entrada, prato principal, queijos, sobremesa e por fim um café), e é o momento de conversar e relaxar.

3 - Ralação Cliente x Funcionário

Não se espante quando estiver passeando pela França. Ninguém vai te mimar num restaurante.O garçom está ali para fazer o trabalho dele. O número de trabalhadores nos estabelecimentos é bem menor se comparado aos bares e restaurantes no Brasil, então eles se organizam para realizar todas as atividades necessárias da melhor forma, e como são muitas, isso toma sim, mais tempo. Além disso, não existe a cultura da gorjeta na França (você pode deixar, sim, mas ela não é tão importante para complementar salários baixos como os dos países americanos, ou mesmo prevista no famoso 10%). Na frança as coisas têm o preço que têm, e os garçons recebem salários muito melhores que os dos garçons brasileiros. A soma de muito trabalho e pouca necessidade de bajular, faz com que haja essa diferença no atendimento. Então, quando chegar a um restaurante, aguarde na porta a pessoa até que alguém lhe atenda, e leve até uma mesa. Uma vez sentado, aguarde o garçom. Também não é necessário chamá-lo, como fazemos no Brasil. Inclusive é considerado até um pouco ofensivo fazer os sinais e sons aos quais os brasileiros estão acostumados. Os profissionais costumam estar sempre de olho nas etapas da refeição e, de tempos em tempos, passam pelas mesas questionando se há necessidade de mais alguma coisa. Ou seja, apenas aguarde.
**E atenção, na França garçom é serveur, garçon é a palavra francesa para menino, rapaz**
Da mesma forma que não existem as gorjetas, nas lojas não existe comissão. Então na França não é comum ter um vendedor seguindo seus passos dentro das lojas. O atendimento também é mais objetivo, e você precisará dizer o que quer ao invés de esperar que te ofereçam modelos, tamanhos ou qualquer coisa diferente do que solicitou.
Lembrando que nada disso significa que as pessoas não gostam de você ou de estrangeiros em geral, que odeiam seus trabalhos ou não sabem lidar com gente, é só mais uma diferença cultural entre tantas outras.

4 - O idioma

Eu já falei um pouco disso no post anterior, mas é sempre bom reforçar.
Enquanto no Brasil a gente não se importa que outra pessoa nos aborde falando em outro idioma, e vamos fazer de tudo para entender, mesmo que isso exija o uso de mímica, desenhos ou qualquer coisa do tipo...na França não é assim.
Tentar se comunicar na língua local, com frases básicas que qualquer guia de línguas pode te ensinar é bem importante para os franceses. Mesmo que seja para dizer que você não fala francês e gostaria se saber se alguém no local fala inglês ou pode te ajudar lendo alguma tradução no celular, por exemplo.
Ninguém precisa aprender todo um idioma para fazer um passeio de alguns dias em outro país, mas as palavrinhas mágicas bom dia, boa tarde, boa noite, por favor e obrigado abrem portas. Mesmo se você falar com alguma dificuldade, a tentativa é sempre vista com bons olhos pelos franceses.
E para quem está estudando o idioma e quer se aventurar em uma viagem para testar os conhecimentos, vale lembrar que todos os biquinhos e o ‘R’ esquisito são sim muito importantes! As palavras geralmente não são entendidas facilmente pelos franceses sem esses detalhes, e podem até significar outra coisa totalmente diferente. Entretanto, eles são muito queridos com quem está aprendendo (menos quando estão com muita pressa), e vão te corrigir e ajudar nas pronúncias e até elogiar se você conseguir formular algumas frases. Sim, eles sabem que a língua deles é difícil haha.
Para não esquecer, existem sim muitas palavras que são bem parecidas em português e francês, afinal ambas têm raízes no latim, mas vá devagar, existem aquelas que acabaram ganhando significados diferentes de acordo com as influências que existem em cada lugar. E é sempre bom ter cuidado =)

5 - Animais (ou catioros e gatíneos)

Ah essa diferença! Há quem não goste, mas eu particularmente adoro! Franceses são completamente apaixonados por seus bichinhos e se não estão no trabalho, certamente estarão junto deles. Em casa, né?! NÃO. Aqui é normal levar os animais nos restaurantes, mercados, lojas e bares, ficar hospedado no hotel e andar com eles no metrô, ônibus, etc. Se você não curte, sua opção é sair (beijo no ombro). Claro que existem lugares que não aceitam, mas são poucos, e também tem alguns parques onde existem áreas específicas para passear com os bichinhos. Por conta de todo esse amor, diferente do Brasil, simplesmente não existem animais de rua na França. Pelo menos não em NENHUMA das cidades que visitei. Perguntei para uma francesa uma vez pq não existiam animais abandonados, e ela disse “Pq franceses são loucos por bichinhos! Se por acaso algum estiver na rua, será com certeza adotado por alguém em menos de 5 minutos!”, fofo né?!

6 - Me vê o troco em bala? Só que não.

Na frança, moedas valem dinheiro! Claro que pra gente que precisa multiplicar tudo por 4 na conversão vale sempre, mas mesmo pros franceses, o troco em bala não existe. Ah, mas foi um centavo! Você receberá sua moeda de 1 centavo.

7 – O banheiro

Esta é uma área onde existem muitas diferenças!
O banheiro tipicamente francês não é um cômodo, como no Brasil, mas dois!
São dois ambientes, um que tem só a privada, e outro com o chuveiro e a pia. Ainda não consegui nenhuma resposta satisfatória sobre o porquê, mas é assim. Então, depois de usar o banheiro, a gente precisa ir para outro lugar para lavar as mãos.
No chuveiro, mais diferenças. O mais comum é tomar-se banho com a duchinha. Então não estranhe ao não encontrar um belo chuveiro te esperando. Mas não se preocupe! Há um suporte na parede para a duchinha, o que permite que tomar um banho bem parecido com o brasileiro.
**Aproveitando também para derrubar um mito: os franceses tomam banho todos os dias sim, pelo menos é o que eles dizem (haha, brincadeira). A diferença é que por conta da rejeição a produtos químicos, que falei lá no item 2, uma grande parte da população não usa desodorante e odeia a ideia de ter esse produto em contato com a pele todos os dias.**
Agora maior diferença nesse setor pra mim é com certeza o destino do papel higiênico usado. A lixeira nos banheiros é só para embalagens, absorventes e coisas que não podem ser levadas pela água sem risco de entupimento. Nunca para o papel usado, este vai para a privada! Estranho né?! Mas é assim. A gente leva um tempo para se acostumar, eu inclusive precisei pesquisar sobre o tratamento que esse rejeito tinha e só fiquei tranquila depois de descobrir que aqui existe uma destinação específica pra isso quando se fala em água; e que seria pior colocá-lo na lixeira, onde não seria tratado.

8 - Cumprimentos

Essa é motivo de piadas sempre, então muita gente já conhece. Na França o cumprimento padrão é de dois beijinhos no rosto, mesmo entre os homens (mas só quando eles já se conhecem). No começo a gente estranha, não deveria, mas estranha haha e depois acostuma. E todo mundo cumprimenta, mesmo se 30 pessoas estiverem no lugar, o que é um pouco cansativo, mas é o costume!

9 - Lazer

Feriado, final de semana, aquele momento de se desligar do mundo e relaxar. Enquanto no Brasil a gente aproveita pra ficar em casa, passear no shopping ou visitar a família e amigos...na França é hora de encontrar a natureza. O número enorme de jardins e parques (maravilhosos por sinal) nas cidades francesas tem motivo, é o hobbie preferido deles. Levar as crianças para brincar, fazer um passeio romântico, se exercitar, tocar música e fazer um bom piquenique! Que em francês é até verbo: je pique-nique, tu pique-niques, il pique-nique, nous pique-niquons, vous pique-niquez e ils pique-niquent!

10 - A relação com o tempo

Acho que de todas as diferenças, essa é pra mim um aprendizado, algo que quero levar para a minha vida.
A gente consegue perceber a forma francesa de empregar o tempo em muitas das coisas que eu citei nessa lista e em outras tantas no cotidiano.
Tudo é feito mais devagar, aproveitando da melhor forma o que cada momento pode trazer. Um jantar com os amigos, um passeio no
pôr-do-sol, o tempo com a família. A hora de sair do trabalho e se desligar dele. Não viver de meias experiências, não fazer as coisas correndo.
Para mim é um contraste enorme, não só pq no Brasil a gente faz as coisas em geral de forma mais rápida, e sempre muita coisa ao mesmo tempo, mas pq eu sou o tipo de pessoa que almoça de pé e quando dorme sonha que está trabalhando.
Acho que esse é mais um dos motivos de essa experiência ser tão especial pra mim. Muito mais do que aprender outro idioma, conhecer gente nova...mas por me desacelerar e me dar a chance de observar o mundo de um novo ponto de vista, de ter todos os dias aulas práticas de como mudar aquilo que eu menos gostava na forma como eu levava a minha vida.

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Bonjour France!


Depois de ficar meses desaparecida daqui, vou tentar ir retomando o blog aos poucos, só para manter meu texto em dia. Percebi que ando misturando tudo! Francês, Espanhol (que comecei a estudar aqui também) e o querido Português, e, às vezes, me deparo com dúvidas muito bobas na hora de acentuar alguma palavra. Não tenho estrutura para guardar tantas regras gramaticais diferentes em uma única cabeça! 

Fiz o material abaixo para ajudar uma amiga que vem me visitar, e em seguida ele vai com certeza ser adaptado aos meus pais. Então, pensei que esse manual bem básico pode ser útil para outras pessoas, e decidi postar aqui.

É um manual básico de comunicação para quem acaba de chegar em um país francofone (de língua francesa). Fazendo jus à fama, às vezes é realmente difícil encontrar quem fale inglês para te ajudar, e em alguns casos o turista pode não falar inglês também e essas dicas podem ser úteis. 

Montei na ordem em que as coisas costumam se desenrolar em um trajeto de viagem comum. As possíveis dúvidas/pedidos em português estão em negrito, embaixo em francês e depois como pronunciar.

No aeroporto

Com licença, você poderia me dizer onde fica o setor de imigração?
Excusez-moi, pouvez-vous me dire où est le secteur de l'immigration?
(Escuze muá, puvê vú me dir ú é le sector de limigracion?)

Com licença, você pode me informar onde fica o guichê da Air France?
Excusez-moi, pouvez-vous me dire où est le guiche d'Air France?
(Escuze muá, puvê vú me dir ú é le guichê dér France?)

Onde fica o portão de embarque xx?
Oú est la porte d'embarquement xx ?
(Ú é la porte dembarqueman xx ?)

Na imigração


Perguntas freqüentes:
Você fala francês? Anglais? (Parlê vú France, anglê?)
Para onde está indo? (Vús alê ú?)

Respostas:
Desculpa, eu não falo francês.
Desolée, je ne parle pas français. 
(Desolê, je ne parle pá francê)

Estou indo para Marseille.
Je vais à Marseille. 
(Je vé à Marséie)

Taxi


Opção 1 - Boa noite, eu preciso ir para (endereço destino, hotel, casa, etc), por favor.
Bonsoir, je voudrais aller à (endereço destino), s'il vous plaît.
(Bonsuá, je vudré alê à (endereço), Si vu plê.)

Opção 2Boa noite, eu gostaria de ir para este endereço aqui (uma opção é imprimir e mostrar o endereço no papel) por favor.
Bonsoir, jê voudrais aller ici, (mostrar o endereço) s'il vous plaît.
(Bonsuá, je vudré alê ici, si vu plê)

Comida

Normalmente, nos aeroportos todos os produtos têm plaquinhas de indicação com o nome, além disso os caixas por aqui tem um visor onde aparece o preço, então é só pedir e apontar mesmo, bem prático!

Eu gostaria de (aponta a coisa) por favor.
Je voudrais ça, s'il vous plaît.
(Je vudré ça, si vú plê)

Alguns termos, expressões e respostas básicos

Bom dia (Da manhã até 18h)
Bonjour! 
(Bonjur)

Boa noite (18h em diante)
Bonsoir! 
(Bonsuá)

Obrigada
Merci
(Merci)

Por favor
S'il vous plaît 
(Si vú plê)

De nada
De rien 
(De rian)

Com licença
Excusez-moi 
(Escuze muá)

Desculpa
Desolée, je suis desolée.
(Desolê ou Je sui desolê)

Tchau!
Au revoir!
(Ôrevuá)

Senhor
Monsieur 
(Messiê)

Senhora
Madame 
(Madam)

Me ajuda!
Aidez-moi! 
(éde-muá)

Sim
Oui 
(Uí)

Não
Non
(non)

Tudo bem?
Ça va? 
(Çá vá?)

Tudo bem.
Ça va. 
(Çá vá.)

Eu sou brasileiro, eu não falo francês.
Je suis brésilien(e), je ne parle pas français. 
(Je sui bresilien(e), je ne parle pá francê.)



Na frança o tratamento entre as pessoas é em geral mais formal e polido do que no Brasil, então é importante sempre começar com cumprimento, chamar de senhor e senhora, agradecer e se despedir no final da conversa.

E uma dica que ouvi muito antes de vir morar aqui e que é bem verdade...é sempre começar qualquer coisa com um bonjour (ou bonsoir, dependendo da hora), firme e educado. Além de representar respeito com o cultura do país, representa o seu respeito com a pessoa com quem está falando (lembra o significado de um aperto de mão firme no Brasil) e é MUITO importante pra eles!

E por hoje é isso. Bon voyage!!

segunda-feira, 20 de junho de 2016

Cours Julien, Marseille - Le quartier des artistes


É só passar por perto do 6o arrondissement (bairro) de Marseille para sentir uma energia diferente. As paredes e fachadas cobertas pelos mais diferentes grafites são um convite a passear pelo Cours Julien, que tem áreas restritas aos pedestres.


A arte também está nos ateliês espalhados por lá, nas lojinhas de artesanato, restaurantes temáticos, tudo com uma pegada bem natural, feita a mão, com mais carinho e tempo dedicados. Com certeza um diferencial nos tempos de hoje.

Dezenas de cafés, bares e restaurantes também fazem do local um dos bairros mais animados de Marseille. Durante a noite, o clima é de festa, e durante o dia, bem familiar.


Repleto de turistas, o Cours Julien é um espaço bem democrático, e lá pode se encontrar uma portinha que represente praticamente cada lugar no mundo. Cafés italianos, restaurantes brasileiros, mexicanos, indianos, tailandeses...(a lista é longa). Os produtos vendidos por lá são sempre naturais, desde a comida, até as roupas, de algodão, tingidas a mão.

Esse clima hippie, gostoso, faz o lugar ser muito agradável, dando a sensação de que é possível puxar conversa e sair fazendo amizade com qualquer um. E acho que dá para fazer isso mesmo...pelo menos em uma das lojas onde vi a vendedora servindo café e colocando cadeiras para conversar com as turistas/clientes na calçada.

Além do ar amigável, a arte nas paredes, que já mencionei, é um dos fortes do bairro. Tanto, que a arte dos muros também foi para dentro e fora dos estabelecimentos, que vendem móveis e utensílios para casa cobertos com desenhos de street art, e contratam artistas para customizar as entradas e interiores com o estilo próprio do Cours Julien.



O local atrai artistas desse estilo que vem do mundo todo deixar sua assinatura por aqui. Tem até artista brasileiro!

(http://www.binhoribeiro.com.br)

As técnicas usadas também são variadas. Tem estêncil, tem pontilhismo, colagem com fitas, traços livres, colorido, p&b arte feliz, triste, crítica, arte.




Mas...como em todo lugar, a arte de rua é efêmera. E se algumas pichações vão deixar saudades quando forem trocadas por outras, passar por esse bairro, que vive em constante mudança, faz a gente se sentir especial. Dificilmente o Cours Julien que eu vi, vai ser o mesmo que você viu, assim, cada visita é única. 


sábado, 28 de maio de 2016

Era uma vez...

...um roteiro que faz a gente se sentir dentro de um Conto de Fadas!


Conhecida como a rota dos contos de fada, a passagem pelas cidades que inspiraram os Irmãos Grimm a escreverem suas histórias é fantástica.

Uma das melhores formas de fazer o roteiro entre as cidades de Hanau, perto de Frankfurt, e Bremen, no Norte da Alemanha é de carro. Uma estrada que leva direto ao passado, a um cenário que parecia existir só na imaginação de quem leu histórias como Branca de Neve, Bela Adormecida e Rapunzel. 

Os castelos medievais, rodeados por lindos jardins e florestas da região fazem qualquer um acreditar que a frase “E viveram felizes para sempre”, é possível por lá.

Escolhemos oito cidades da rota para visitar, e conseguimos fazer o roteiro em três dias. O passeio começou em Hanau (claro, depois de descer no Aeroporto de Frankfurt e pegar um carro alugado). A cidade é considerada o marco inicial da história dos irmãos Grimm, foi a cidade onde Jacob e Wilhelm nasceram. Apesar de ter poucos registros materiais dos irmãos, a cidade tem arquitetura alemã bem conservada. Um monumento no centro da cidade homenageia os irmãos.


A segunda visita foi a Marburg. A cidade universitária onde Jacob e Wilhelm cursaram Direito, e incentivados por um professor, começaram a escrever o primeiros contos infantis. Ela tem 15 símbolos em tamanho grande espalhados por lá para fazer alusão às histórias.


Mas o mais legal, além do clima universitário que continua até hoje, é a estrutura. Cercada de casas do tipo enxaimel, a cidade tem dois níveis. No mais alto fica o Castelo de Marburg, grande parte dos pubs restaurantes e alguns prédios da universidade e, na parte de baixo, ficam os hotéis e algumas igrejas. Um elevador leva até a cidade alta. Passear por lá é mágico, porque é tudo muito preservado, e é impossível não se imaginar vivendo em outro tempo.

No outro dia, a viagem continuou por Bad Wildungende, no vilarejo de Bergfreiheit. Lá fica o castelo em estilo barroco de Schloss Friedrichstein, que teria inspirado a história da Branca de Neve. O conto foi baseado em uma história real, da jovem Margarethe von Waldeck, irmã do fundador de uma vila mineira, que teria sido envenenada na região. A antiga mina extratora de cobre também pode ser visitada, e inspirou a participação dos anões mineiros na história.

De lá, seguimos para Kassel, uma das minhas partes favoritas da viagem. Toda a história literária dos Grimm pode ser conhecida em detalhes no Museu dedicado a eles em Kassel. Eles viveram na cidade por mais de 30 anos, e foi lá que tiveram o período mais rico das suas carreiras. No Brüder Grimm Museum é possível ver artigos valiosíssimos como manuscritos das obras e cópias da primeira edição dos “Contos Maravilhosos, infantis e domésticos” com anotações feitas à mão pelos próprios Grimm! 


Além disso, o espaço também tem espaços interativos com histórias da Chapeuzinho Vermelho, A Princesa e o Sapo e Branca de Neve. 


Também foi lá que descobri, que além do trabalho literário, eles tiveram importância fundamental na estruturação do idioma alemão, com a produção de um dos primeiros dicionários da língua. Também tem móveis antigos, e muitas coisas que fizeram parte da vida e trabalho deles, guardadas desde 1812 (aproximadamente). 

Em uma das áreas estão cópias dos livros publicados em vários idiomas. 


A versão em Português também está lá.

                                              

No terceiro e último dia da viagem, seguimos ainda mais para o interior. A cidade de Sababurg, que tem só 18 habitantes, foi um dos destinos. Lá fica o Castelo de 1334 que inspirou a história da bela adormecida, no título original: Dornröschen, Rosinha dos Espinhos.


É possível fazer um tour ao redor do castelo medieval. Roseiras estão plantadas ao longo de toda a estrutura, infelizmente, quando visitamos não era a época em que as flores abrem, mesmo assim, as roseiras dão um ar especial ao castelo. 


Ele fica em uma parte alta e é cercado por campos, a vista é incrível. Dentro da estrutura também há um restaurante e no menu, alguns pratos com rosas na receita. 

                           

Pertinho de Sababurg, a aproximadamente cinco quilômetros, fica o castelo da minha história favorita dos Grimm (que li e re-li e assisti tudo que tinha de filmes várias vezes), Rapunzel. O castelo do século XIV também é hotel, restaurante, e claro, tem a famosa torre – com uma trança loira enorme pendurada...


E a decoração do lugar com tema não parou por aí, cada detalhe do castelo parece ter saído de um conto de fadas! Quadros, arranjos de mesa, lustres, toalhas, tudo é perfeito! 



Além de poder comer e passear ao redor do castelo, nos jardins super cuidados, também dá pra subir os quase 40 metros de altura da torre em uma escada espiral, por um tour bem sombrio, mas com uma vista recompensadora.



Já chegando no fim da viajem, visitamos a pequena Hamelin, cenário do famoso conto do flautista encantador de ratos. Infelizmente as apresentações teatrais com flautista e crianças vestidas de ratinhos só acontecem no verão, mas valeu a visita. A cidade é um amor, nas calçadas tem ratinhos que levam até os dois monumentos em homenagem à história na praça central. 



Vários cafés e livrarias (cheias de brindes de ratinhos) com versões do livro em tooodos os idiomas. Comprei o meu em francês, para estudar um pouco! 


De Hamelin, seguimos para o último destino, Bremen. A cidade era maior do que as últimas que tínhamos visitado, e apesar da frustração com o único monumento em homenagem ao conto Os músicos de Bremen (a estátua mal tinha a minha altura), os prédios do centro histórico da cidade são lindos, e como chegamos no finzinho da tarde, apesar de rápida, a visita rendeu ótimas fotos. 



Como nosso vôo de volta era na manhã seguinte, fomos embora com gostinho de quero mais.

A Alemanha

É impossível visitar o país sem ficar impressionado com o nível de organização de TUDO. Dos canteiros de rua (lindos), a limpeza, a educação das pessoas, é um 7x1 a cada passo. 
Em uma das cidades que fomos, uma máquina vaporizadora limpava as ruas durante a madrugada, para que tudo estivesse perfeito no dia seguinte. 

O trânsito não é nada menos que impecável. Chega a ser engraçado, mas em todas as cidades que fomos, vimos que: Pedestres alemães simplesmente não atravessam a rua se o sinal estiver vermelho para eles. Não importa se não tem NENHUM carro na rua, eles só atravessam se o sinal para pedestres estiver verde. E ficam lá, esperando calmamente. E nem precisa dizer que de carro todo mundo respeita as leis também. 

Na maioria dos lugares, as pessoas conversam tão baixo entre si, que fica fácil identificar quem é de fora.

Além da educação, tem a preocupação com o meio ambiente. A Alemanha não é um país ensolarado, lá chove bastante. Mas mesmo assim, não é raro ver comunidades inteiras com placas para geração de energia solar, equipamento caro (também sai caro para eles, me informei com um alemão), mas visto como investimento na preservação do planeta! Junto da energia solar, nas áreas rurais também vimos muitas usinas de geração eólica.
Enfim, mesmo sendo bagunceira em todos os sentidos da palavra, gostei muito da Alemanha e da cultura (que já me chamava a atenção no Brasil, já que muitas cidades de colonização chamam a atenção também pela organização, limpeza e investimentos e tecnologia também, á fiz reportagem falando da Internet gratuita para os moradores da pequena Santa Rosa de Lima-SC), vou querer voltar com certeza!






quinta-feira, 28 de abril de 2016

Vaticano


Para conseguir ver todas as belezas do Vaticano, só morando/trabalhando lá. 

É tudo tão impressionante, que em alguns momentos é preciso parar para organizar os pensamentos, perdidos no meio de tantas obras, tão ricas, tão próximas da perfeição.


O roteiro básico inclui Praça e Basílica São Pedro, Museu do Vaticano e Capela Sistina. Para visitar tudo em único dia, é preciso contar com a ajuda de roupas e calçados bem confortáveis e muita, muita paciência. As filas por lá são garantidas, não importa o dia da semana. Mas cada passo em cima dos pés doídos, no meio de centenas de pessoas, vale a pena. 


Para entrar, o pobre turista tem que se esquivar das seguidas abordagens oferecendo guias, brindes, acessórios, qualquer coisa! O padrão é o do Paraguai, as pessoas te puxam, tentam descobrir tua nacionalidade, falam e falam (em uma impressionante quantidade de idiomas) fazem propagandas absurdas daquilo que vendem e preenchem todo o caminho. Só depois de passar por esse exército, que não tem nada a ver com a Guarda Suíça, é possível chegar ao guichê oficial, comprar as entradas e começar a visita ao interior dos prédios do Vaticano.


A cidade-estado fica dentro de Roma, tem 44 hectares e uma população de pouco mais de 800 pessoas. É a sede da Igreja Católica no Mundo. 

Por volta dos anos 40 depois de Cristo, o imperador Calígula iniciou a construção de um circo no local, o projeto foi terminado por Nero e ficou conhecido como Circus Gaii et Neronis. A área acabou se tornando local do martírio de muitos cristãos, registros também apontam que foi nesse circo que São Pedro foi crucificado de cabeça para baixo.Um cemitério também ficava perto do local.





A construção da primeira igreja foi em 326, a Basílica de Constantino. Ela foi erguida no lugar onde onde os primeiros católicos romanos e arqueólogos italianos, afirmavam ter sido o túmulo de São Pedro. A partir daí, as estruturas que já existiam, e as que surgiram depois passaram a concentrar as mais belas obras sacras do mundo. Arquitetos e artistas renomados dedicaram muito esforço, formando um conjunto que emociona pela perfeição.

Além da dedicação para criar obras de arte, a Igreja Católica (Apesar do domínio e imposição religiosos) ajudou a preservar muitas obras da Roma Antiga. Os Museus Vaticanos (Musei Vaticani) abrigam extensas e valiosas coleções de arte e antiguidades colecionadas ao longo dos séculos pelos diversos papas que passaram por lá.




Mas, de todos os lugares e obras, a Capela Sistina, é o mais incrível! Construída entre 1473 e 1484, ela tem obras de gigantes do Renascentismo, como: Perugino, Botticelli, Ghirlandaio, Rosselli, Signorelli, Pinturicchio, Piero di Cosimo, Bartolomeo della Gatta e Rafael. E claro, para justificar toda a dor no pescoço de quem tenta absorver cada detalhe do teto mais perfeito do mundo, a participação de Michelangelo, que anos mais tarde também pintou cenas do Juízo Final no Altar.

Na Capela Sistina é proibido tirar fotos, mesmo sem flash. 


Mas sou muito transgressora.