domingo, 28 de fevereiro de 2016

Turistando em Marseille

Hoje foi dia de passear bebê!


Na verdade, a ideia era fazer um pouco de exercícios, mas como não ser consumido pelo desejo de ver e visitar paisagens dessa cidade?! 
Bom, o que era pra ser uma caminhada rápida, virou um passeio de três horas e uma visita mais detalhada ao Vieux Port de Marseille, ou Porto Velho. 
Já tínhamos passado por lá várias vezes, mas admirado pouco. Hoje, com mais tempo, decidimos apreciar os detalhes, e cara, a região é sensacional.


Bom, a história da cidade é bem ligada à história do porto. Marseille foi fundada em 600 a.c, já como um porto comercial, usado pelos gregos. Na época a região, que era conhecida como Massália era de domínio deles (gregos). Só que isso não durou muito tempo. Li bastante sobre o assunto, mas para resumir e não entediar o leitor: TODO MUNDO QUERIA O PORTO, e Marseille/Massália. Com as brigas constantes, invasões, piratas (sim, teve piratas!) o jeito, foi fortificar o porto. O que deixou ele beem mais legal! 


E olhando de perto...a história está em toda a parte mesmo. Até na estrutura, construída com massa e...conchinhas! 


O passeio por lá é todo de graça, mas tem empresas que organizam e vão contando a história ao longo da trajetória. A gente foi explorando a estrutura sozinhos e lendo a história nos monumentos, o que também foi bem interessante. 

Hoje a cidade (que é a mais antiga do país) continua tendo o maior porto da França, só que não é mais esse, é o porto comercial, que fica em outra área. Esse é para guardar a memória da cidade e continuar atraindo gente do mundo inteiro.

De cima da estrutura de Forte do porto, acabamos vendo a Catedral de Marseille. E, bom, se ninguém nunca te disse isso, não importa a sua religião, SEMPRE vale a pena visitar igrejas desse tipo. Elas são a reunião de obras de arte maravilhosas, do melhor que arquitetura de uma época (ou várias) pode oferecer, enfim, do esforço do ser humano para fazer algo realmente belo. Então...eu sempre visito, mesmo não sendo uma pessoa religiosa.


No momento ela está em reforma, mesmo assim a visita à Cathédrale Saint-Marie-Majeure de Marseille, também foi bem legal. Tirando esse sustinho na entrada...tinha militares guardando a porta. Nada especial, mas como todo mundo sabe, o país sofreu atentados terroristas e um ponto turístico religioso acaba sendo um dos locais visados, e recebe proteção extra por isso. 


O interior todo em mármore, e o chão imenso montado em pedrinhas de mosaico são só alguns dos atrativos da estrutura. 


Na volta pra casa encontramos dois marinheiros Brasileiros que estão de passagem pela cidade, antes de embarcarem para uma missão na Líbia. Tirando a parte que eu e Alexandre quase atacamos eles quando reconhecemos o idioma da terrinha, foi tãooo bom conversar um pouquinho em português! Haha 

Mas essa angustia vai acabar, porque amanhã é meu primeiro dia na aula de francês. E isso é assunto para uma outra postagem. 

Au revoir!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Água Dura e a adaptação

Hoje é o nono dia desde que cheguei à França. O que é engraçado porque passei os últimos 5 anos reclamando que a vida estava passando muito depressa, e nessa última semana já aconteceu taaaanta coisa, que nem acreditei quando contei os dias nos dedos agora há pouco. 

Esse tanto de coisa faz parte do maravilhoso período de adaptação. Só que não. Porque isso é coisa para quem gosta de aventura e eu definitivamente não sou aventureira. 

"Ah mas ela largou tudo e foi morar na Europa!". Tá, eu fiz isso, mas foi a única coisa aventureira que fiz na vida. Isso e fazer rapel em uma cachoeira de 4 metros de altura há uns três anos. E é justamente porque eu amooooo a minha zona de conforto (composta basicamente por uma rotina de trabalho fixa durante a semana e, filmes e seriados no Netflix, pipoca e cobertor nos fins de semana) que os dias aqui têm sido bem desafiadores. 

Para começar tem essa coisa toda de território. Descobrir os pontos de referência perto da nova casa, os mercados, farmácias, metrô, buzão...e por aí vai. Depois vem a parte cultural, o que se come aqui? Como as pessoas se divertem? Que música escutam? O que passa na TV? Que roupas usam? (Parece chamada do Globo Repórter, eu sei, mas foi uma análise importante). 

Durante esses processos, se desenvolvendo com o mágico detalhe de que eu NÃO falo francês, o que pode ser um pouco estressante para uma pessoa com necessidades de expressão como eu, percebo que algo estranho está acontecendo comigo. (Não, não vou falar nada profundo agora.) 

A questão é que, numa noite qualquer percebi bolinhas no meu rosto, o que está na lista das coisas menos legais do mundo. Corri para o espelho e percebi que, resumindo, eu parecia um Chokito de tão embolotada, só que num sabor novo, qualquer coisa vermelha. E surtei. 

No começo pensei que tinha sido algo que comi, então pedi socorro para minha cunhada, que é Dermatologista, a Dra. Naiana B. de Sá (gente, não é publipost, mas ela é ótima! E atende em Tubarão -SC). Depois de trocarmos algumas fotos horrorosas do meu rosto, a conclusão: Rosácea. Uma coisa maldita. 

Passei uns dois dias incomodando ela (mentira, ainda incomodo) e pesquisando na internet o porquê de isso ter acontecido aqui...e descobri que a culpa é de ninguém mais ninguém menos que da água. Sim, a água. Pelo que consegui apurar, a água francesa tem muito calcário, o que deixa ela, em parte, mais saudável. Tem médicos que indicam o consumo da água da torneira daqui. Mas o que faz bem pros ossos, não é tão legal para a pele e cabelos. 

Essa água, que também é conhecida como água dura, não tem o mesmo gosto da água do Brasil (sim, sinto saudades da água daí, mas espero que eu me acostume rápido com essa, porque é o que tem, no caso). E, depois de alguns banhos, minha pele sentiu o ressecamento causado por ela, principalmente a pele do rosto, e a Rosácea se manifestou. 

As bolinhas e o vermelhão no rosto coçam um pouco e ficam bem quentes. Tive que abrir minha mão de vaca e comprar cremes e produtos para tratar, e agora tudo está sob controle, quer dizer, faltam só as últimas bolinhas sumirem, e espero que isso aconteça logo.


(Da esquerda para a direita - Antirougeus JOUR, que é o creme para hidratar a pele ressecada e tratar a Rosácea. Ele custou aproximadamente 15€. O spray Eau Thermale, água termal, para aliviar os sintomas. O frasco grande custou 6€. E do lado, os brindes que ganhei na farmácia, que são produtos para limpeza da pele sem agredi-la)


Enfim, de toda a parte ruim de descobrir esse problema de pele que pode voltar a aparecer, inclusive por razões emocionais (socorro), pelo menos pude me tratar com produtos bons e com preço melhor ainda, porque foi acontecer justo no paraíso dos cosméticos, a França. 

Inclusive, o post parece propaganda da Avène, mas não é. É que a marca tem uma linha específica para o problema (Rosácea), a Antirougeus, e em três dias usando já deu para notar uma melhora considerável.

Ah, nas idas e vindas a farmácias conhecemos uma portuguesa, e agora eu vou voltar lá sempre, porque é tão bom conversar com alguém em português!! Sem tirar o mérito do meu namorado (Coitado, tem que me aguentar falando o tempo todo. Porque agora sim, ele finalmente pode dizer que é O ÚNICO que me entende). Também ganhei brindes da atendente portuguesa mais legal de todos os tempos, e vou continuar tratando meu rosto, e também cabelos e pele do corpo pra prevenir o ressecamento por causa da água. Já que cruzar o Atlântico me fez mudar de uma configuração de pele e cabelos oleosos, para uma pessoa seca. ha-ha.

A falta de leite condensado e as habilidades em mímica recém descobertas - As primeiras impressões de Marseille


Depois de quase 24h na viagem do Brasil até aqui, e mais 3 dias de adaptação, acho que já dá para registrar as primeiras impressões sobre meu lar pelo próximo ano. 

Chegamos à noite, na terça-feira, e como já era tarde, eu e o Alexandre tivemos que ficar em um hotel até poder fazer a mudança para a moradia estudantil (com as quatro malas de 32 quilos, mochilas e toneladas de expectativas). Ainda no hotel fomos recebidos por um rapaz simpático que nos encheu de esperanças quando nos atendeu com um Inglês primoroso. A tranquilidade durou pouco. Acabou quando ele disse: perguntem tudo agora, em Marseille é uma raridade encontrar quem fale inglês. E era verdade. 

No dia seguinte, fomos muito bem recebidos na moradia estudantil. O gerente odiou ter que nos atender em inglês, a língua que ele menos domina (e ele fala até espanhol) mas tem se esforçado (usamos muitos sinais, mímica mesmo por aqui). Ele está orgulhoso das palavras novas em francês que aprendemos nos últimos dias. A gente incomoda ele pedindo mapas e informações todo santo dia. Nos aventuramos em alguns passeios, identificamos os mercados perto da nova casa (que para o meu terror, NÃO têm leite condensado!!!) e vimos gente de todos os cantos do mundo. Afinal, a cidade é mega turística e a segunda maior e mais antiga do país.


Sobre as pessoas...até agora não teve um pingo, nem um pouquinho mesmo de antipatia, xenofobia, grosseria nem nada de ruim. TODOS - dos taxistas, caixas de loja, até os vizinhos do prédio, são extremamente educados. Uma pessoa dificilmente passa pela outra sem pedir licença ou desejar um bom dia. Não sei se é o Sul (quando viajar para o norte do país, faço a comparação) mas aqui, todos têm sido atenciosos e nos ajudado sempre. Claro, sempre tentamos falar em francês. E mesmo como nosso vocabulário tosco (de umas 10 palavras), eles se esforçam para ajudar, nos ensinam palavras novas e ainda ficam nos encorajando a falar mais. Resumindo, uns queridos né?! ❤ 

Sobre a cidade, ela é LINDA! Linda mesmo, estonteante. É impossível cansar dos casarios históricos por toda parte, as fontes, prédios e monumentos com centenas de anos. A arquitetura, que além de primorosa, carrega detalhes históricos variados. São traços medievais, romanos, gregos, renascentistas, gente, tem de tudo. E se não bastasse, tudo isso é cercado por montanhas e banhado pelo azul intenso do mar mediterrâneo.


Parte das fotos foi tirada de um dos pontos mais altos da cidade, a Basilique Notre Dame de la Garde. Uma subida tensa, com morro, escadaria, mais morro e mais escadaria. Mas que dá uma vista completa da cidade e leva para a obra de arte que é essa igreja.

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Por enquanto é isso... C'est tranquille, c'est favorable.